9 Exposição:

IMAGENS FIÉIS

DE JOSÉ BASSIT

DE 11 DE MAIO A 24 JUNHO DE 2007

Entre novembro de 1998 e janeiro de 2003, o fotógrafo José Bassit percorreu sete estados brasileiros,. Com o olhar de um penitente, seu percurso resultou num tocante conjunto de 100 imagens reunidas no livro Imagens fiéis, que a lançou em 2004.

Fotógrafo silencioso, José Bassit tratou sua pesquisa em relação a arte e a religiosidade com a mesma dedicação que têm os personagens presentes nas imagens quando deixam suas casas: respeito e fé. Ao exercitar esse “diálogo entre sentimentos”, o fotógrafo poderia se expor e cair no lugar comum de retratar festas e manifestações populares para encontrar um país nos seus momentos de louvação. Mas, não.

Imagens fiéis, é um retrato, preto no branco, de um povo em busca do seu próprio rosto, da sua memória, da sua ancestralidade. É justamente nesse ponto que o fotógrafo exercita o silêncio, ao colocar-se no lugar do “outro”, para encontrar a si mesmo.

As imagens de Bassit também funcionam como um documentário. No livro elas crescem à medida que vida e morte se encontram para depois nascer, e depois morrer mais adiante: nasce na promessa dos ex-votos na romaria de São Francisco das Chagas, em Canindé, Ceará. Morre no Ofício das Trevas, na Semana Santa de São João Del Rey. Se recompõe na Romaria de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, para depois despencar em transe nas areias de Yemanjá, na Praia Grande, São Paulo.

O livro de Bassit não tem cores. Suas imagens em preto e branco reforçam cada olhar, cada espaço vazio, cada jogo de sombras num espetáculo quase bíblico, enquadrado sem invenção nos cortes. Com isso, a intenção de cada cena equipara-se intuitivamente à intenção de cada personagem, ou dos muitos personagens unidos como se fossem um só.

Imagens fiéis, é um livro sem mentiras. O fotógrafo cutucou Deus com vara curta, num jogo de tensões individuais e coletivas, onde mesmo a dor não é tristeza, onde mesmo sem o riso estampado na face também não há alegria. Imagens fiéis também poderia ser um filme, uma exposição, um objeto de arte ao qual se deve voltar para se entender porque o Brasil é assim, tão distinto em corpo e alma.