37 Exposição:

Retratos

Luz Garrido

de 10 de Agosto a 13 de Setembro de 2014

Luiz Garrido, carioca começou em 1968 como fotojornalista, trabalhando na sucursal da revista Manchete em Paris. Estudou fotografia na Faculdade de Vincennes e na École Nationale de Photographie Française, período em que passa a se interessar pelo gênero do portrait, retratando celebridades como Alfred Hitchcock, Gina Lollobrigida e Alain Delon, entre outros. De volta ao Rio em 1971, dedicou-se a fotografia de moda e publicidade, tendo sido colaborador frequente de revistas como Vogue (Brasil e França), Interview, Cláudia Moda, Moda Brasil, Elle (Brasil, França e Itália), Playboy, Big (EUA), G.Q. (Inglaterra) e Photo (França). Em 1982, fundou a Agência e Estúdio Casa da Foto e passou a desenvolver projetos pessoais além de fotografar personalidades brasileiras das mais diversas áreas da sociedade.

Optando pelo preto-e-branco, fugindo do óbvio e do lugar comum, Luiz Garrido, para “falar” de um grupo de escritores, lança mão de um recurso muito empregado pela literatura. Ele usa a metonímia que, como se sabe, é a parte procurando expressar o todo. No caso dessa mostra de fotos, a parte são os detalhes. Ora um gesto de mãos, ora a metade de um rosto, a expressão de um olhar, um sorriso apenas esboçado, ambíguo, um momento de reflexão. Com essa estratégia, ele consegue compor uma espécie de “flagrantes do interior” dos personagens retratados. Zuenir Ventura

Um craque completo. Em 60 anos de jornalismo, fazendo entrevistas, reportagens e o escambau, conheci centenas de craques da fotografia. Se tivesse que escalar um time (desculpem, ainda estou impregnado pela Copa), o Garrido certamente seria titular absoluto. Jaguar

O retrato é o crème de la crème da fotografia. Luiz Garrido tem a receita certa para que possamos saborear com os olhos o resultado do excelente trabalho que nos oferece. Sérgio Branco,

Às vezes me aparecem umas teorias – minhas mesmo – que, desculpem, acho perfeitas. Tenho uma sobre fotógrafos das mais recorrentes. Detalhe: esta só se aplica a fotógrafos artistas, os chamados grandes profissionais da área. Acredito, intensamente, que o fotógrafo é o único artista do mundo que não tem como mentir. Em sua obra, ele se mostra por dentro, exibe sua alma, como nenhum outro criador. Por mais que um quadro, uma canção, um poema, nos façam acreditar que seus criadores estão mostrando, realmente, como vêem o mundo, eles podem estar mentindo. O Pessoa, que se pressupõe que era um cara verdadeiro, foi logo dizendo que eles são fingidores. Mas ninguém pode dizer se ele estava fingindo ao dizer isto. Já o fotógrafo, definitivamente, não pode fingir. (A não ser, é claro, na banheira de sua câmera escura; mas isto é outra história.)

Provei essa teoria ao longo da vida e posso afirmar que, como um pequeno exemplo, se fotógrafo não gosta do seu modelo, ele sai feio na foto. Ao contrário, se ele vai com a cara do fotografado, este sai simpático, mesmo que seja o Robin Williams.

Agora, vocês vejam aí quanta gente bonita, agradável, simpática, charmosa, o Garrido exibe nesta exposição. Não é que seus modelos sejam todos providos das qualidades que mencionei acima. Aqui, quem se revela é ele, o fotógrafo. Garrido, além de ser esse grande talento que o coloca entre os maiores fotógrafos brasileiros de sua geração, é uma alma generosa e afável, um sujeito bonito por fora e por dentro. Um cara amorável, outrante, como diria o Drummond. Ziraldo